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Entre Pessoas e Religião, Religião e Pessoas

Benção aos mais velhos e aos mais novos. Raramente escrevo sobre algo pessoal, mas hoje venho falar sobre pessoas e religião. Me considero um semi-iniciado, mesmo sendo de terreiro/ilê/roça da familia desde pequeno. Em seu leito de morte, minha avó, que foi mãe de Santo com conhecimento e sempre se atualizando, detentora de uma sabedoria enorme, me disse várias coisas sobre o Candomblé e Umbanda, como também sobre as entidades e ancestralidade. Não recordo muito bem, apenas flashes. Como ela estava bastante debilitada, não compreendia muito o que falava. Isso me fazia recorrer a mainha, que também estava presente. Atualmente, mainha, que é evangélica não comenta muito sobre isso pra mim, o que é totalmente compreensível.

Devido as minhas andanças pelas religiões (sou muito curioso e aberto ao aprendizado), já falaram muitas coisas sobre o meu Ori. Digo isso, porque já visitei algumas casas (Candomblé e Umbanda) depois que vim para Goiânia. Frequentei uma no qual não me senti muito bem, devido a forma que a casa era regida. Sem seguir os ensinamentos sagrados, ritos, caridade e o merecimento. Seguindo apenas achismo e de acordo a cabeça do (a) dirigente sem o devido preparo (sem tempo necessário, sem conhecimento e sabedoria). Sendo assim, sempre ocorria a tentativa de manipulação por parte desses falsos pai/mãe de santo, onde o homem e não as entidades/divindades/orixás estavam na direção. Nessas casas que visitei, sempre me falaram coisas distintas do que já tinha escutado, aprendido e seguido na doutrina com a minha avó e posteriormente com os familiares que conduzem a casa/roça/ilê até nos dias de hoje. Foi lá que aprendi sobre as curimba que tanto gosto, do atabaque, agogô e outros instrumentos que toco (apesar de não ser confirmado como Ogã), da vibração, da energia, dos pontos em cada momento, do modo, do por que e do motivo por fazer cada ato. Portanto, baseado nas casas onde visitei não posso dizer se realmente quem me rege, são os que já me disseram. Confio na minha raiz, família onde foi jogado, dito e confirmado pelos médiuns sérios e entidades da casa. Porém, sabemos que o Ori muda.

Na minha origem, é necessário passar por ritos que são diferentes em cada religião. No Candomblé, é necessário jogar Búzios (os ritos dessa religião era apenas para os familiares). Enquanto na Umbanda com a ajuda da Mãe de Santo ou médiuns e confirmado pelas entidades em conjunto. Já visitei um local que a pessoa diz qual Orixá você é filho baseado na data de nascimento e cartas. Aprendi e também li que que até é possível escolher, ou melhor baseado em suas características ou afeição podemos considerar como sendo seu filho. Entendo, que caso seja seguido dessa forma, acredito que deva ser um processo, algo íntimo, pessoal e intransferível, que só a nossa cabeça (Ori) pode revelar essa direção, assim como ocorre com o nome da entidade de quem realmente tem.

Recebo convites para ir, frequentar e ser de alguns Ilês. Não sei o motivo ao certo, como também não sei se é um bom local devido as experiências com às pessoas, regras ou falta delas, tempo, conhecimento, sabedoria e até a falta dessas qualidades. Não tem como saber se não ir não é mesmo? Devido ao meu ceticismo e vontade sempre em aprender, continuo aprendendo seja no terreiro/ilê/roça/casa da família, lendo, estudando, com os conhecimentos repassados dia após dia. Como sempre dizia minha avó, estude sempre, nunca pare de estudar, de aprender. Desde que conheci a religião dos Orixás sempre preocupei com os ensinamentos que ela me passava, a fazer a caridade não somente dentro do ilê/terreiro/roça/casa que é uma dos pilares da filosofia da doutrina, além de crescer como pessoa, internamente, emocionalmente e espiritualmente de acordo com o merecimento.

Não quero fazer parte novamente de um local como o que frequentei, com pessoas falsas (sei que isso existe em qualquer lugar, mas não onde a maioria é, e ainda com as pessoas de frente, o que torna o local pior), despreparadas, sem conhecimento e sabedoria, com muitas fofocas grande parte oriunda da (o) dirigente, que utilizava de manipulações, além do benefício próprio sem importar com a filosofia e a verdade dessas religiões dos Orixás, tanto o Candomblé como a Umbanda, que por sinal existe a milhares de anos. Gostaria de entender como funciona isso, como a religião e a religiosidade formam a fé de alguém e vice-versa até a pessoa se tornar as vezes cegas para o correto.

Vi muitos que usam da fé e fraquezas das pessoas em vários locais que participei não somente da Umbanda. Mas também no Candomblé, no espiritismo Kardecista, já frequentei cursei/estudei Chakra/Energia como Reiki, Hooponopono, Constelação Familiar, segui muito tempo no Catolicismo (como sou padrinho, tive que segui e aprender) e também frequento o ambiente evangélico com mainha (como ela mora em outro estado, quando nos vemos, vou junto para não ir sozinha). Em todos os locais, dúvidas, perguntas oriundas das injustiças e absurdos vistos e ouvidos.

Por isso hoje, vejo a minha experiência e tempo de casa/ilê/roça/casa alinhado as leituras sagradas, sempre em busca de conhecimento e sabedoria para que eu não fosse mais um enganado através da minha fé. Leio a Bíblia, estudo muito as religiões e em especial a dos Orixás e busco me aperfeiçoar cada vez mais nos toques e nos instrumentos. Hoje, vejo que são muitos anos de perguntas, muitos questionamentos pessoais e poucas respostas. Creio eu, que seguirei assim, aprendendo sempre e buscando algo que sempre aprendi no dia a dia do terreiro/ilê/roça/casa: “Tudo tem um motivo.” Então, caso não seja claro e mostrado com a ajuda das entidades/Orixás é o homem que entra com a ação de manipulação, animismo e mistificação.

Hoje sou cada vez mais recluso as pessoas, as suas palavras e atentos a suas ações, fortemente explosivo principalmente contra manipulação, egoísmo e injustiças. Não comento das minhas experiências e vivências espirituais (guias e entidades), afim de evitar o ego (meu receio do lado sombrio do ser humano) algo que tenho repugnância, após ver tanto aprendi como não ser e fazer. Porém, adoro ouvir, sentir, vivenciar e ser quando sinto que é verdadeiro (com ajuda dos meus guias e entidade hoje consigo enxergar). Gosto de apreciar e aprender. Não sei se é devido a religião da minha avó, que não tem um guia literário (como a Bíblia, Alcorão, Livro de Mórmon, Evangelho segundo o espiritismo ou Livro dos espíritos, Torá, entre outros) que às vezes me pergunto: – Por quê ocorre injustiças até dentro do terreiro/ilê/roça/casa onde também possui entidades (as vezes mistificação e aí já está a resposta) e mesmo assim não é corrigido? Sinto que as pessoas não estão ali para compartilhar, para se doar, para cumprir a caridade, para aprender, por merecimento e não, não desejam ajudar e se ajudarem, não querem saber do próximo. Mas sim, atrás de “bênçãos” sem merecimento para o próprio umbigo, atrás de realizar seus pedidos sem merecimento, nada de troca e ajuda, só ir atrás de bens, ego e dinheiro. Alguns desejam se sentir pessoas superiores seja com cargos, com recebimento de entidade que muitas vezes são puro teatro, se mostra com ações egoístas, atrás de benefício próprio, manipulações e humilhações para com o próximo. Foi isso que me fez sair e não frequentar uma rotina de nada mais que seja ligado a religiões em casas/ilês/terreiros/roças por algum tempo. Apenas aceito os convites até onde meus guias e entidades me levarem, como já me levam.

E para a minha surpresa, é nesse momento que percebo que continuo aprendendo e aprendendo em comunidade, uns com os outros, principalmente a não ser dessa forma, a não desejar o mal para o próximo e a não pedir nada, não ameaçar apesar dos meus guias, proteções e caminhos que me seguem, sem medo, sem receio tenho somente a gratidão por não ter esse sentimento dentro de mim, não ter essas ações para com os outros e a não me sentir superior a ninguém. E como aprendo, aprendo a cada pergunta, a cada questionamento não respondido. Mesmo sendo errado, errado para os humanos que executam cada vez mais as ações acima citados, pois para meus guias vejo e ouço o contrário . Evolução? Acredito que estou no caminho certo, baseado nos ocorridos, sei que tenho muitos defeitos e como uma pessoa com bastante defeitos prefiro me recolher mediantes a pessoas que mentem e se acham tão corretos da verdade. Pois, um dia a verdade chega.

Mesmo com esses problemas que me afasta, de uma certa forma me distancia, tento compreender, compreender a minha missão, o objetivo. Mas, pensando sempre em uma comunidade que se ajuda e se importa “mutuamente”. Sei que existe pessoas boas ainda por aí. Que assim como os livros, guias, experiências, aprendizados dia após dias, casas/ilês/roças citados acima posso e podemos aprender com a situação. Com tanto estrelismos que é visto, me silencio, calejado, aberto e cada vez mais tentando ser mais humildade, cresço com erro após erro, sempre com gratidão dentro do meu ser, aprendo, seja com os mais velhos, com os mais novos, seja no trabalho, no terreiro, na igreja, em casa, na comunidade e no dia a dia. Ainda que por vezes seja difícil, dedicar-se onde não se tem reciprocidade, onde existe pessoas más e egoístas, sei, que tenho que respeitar quem pensa assim. Respeito, mas não preciso ser do mesmo jeito e nem seguir. Aprendi na roça, no trabalho, no ajudar o próximo, na doação, no merecimento e na caridade que é assim que se vive a realidade da religião dos Orixás, até pela sua origem.

Meu trabalho aqui é pouco, é simples, mas sei o quão importante. Que eu consiga ficar firme para comigo, pois, o que muitos querem, desejam, é o contrário do que quero. Não quero ter, mas quero continuar sendo essa boa pessoa, o qual tenho orgulho e que a vida, meus guias através das suas orientações tem me mostrado como estou no bom caminho. Lógico, levando em consideração a manipulação, a mentira, a verdade e não ser bobo, pois, humildade é diferente de ser bobo e bobo eu não sou.

Eu sei que faço parte de um TODO, que somos uma só comunidade e que o indivíduo, apesar dos seus anseios pessoais, está inserido numa família, em todo e qualquer lugar, seja na família de axé como na família do dia a dia e, neste contexto, quanto mais se pensa coletivamente, mais o indivíduo se fortalece.

Candomblé/Umbanda só se faz no coletivo. Mesmo com dúvidas, com inúmeros aprendizados, com conhecimento que é importante sim, com sabedoria adquirido durante todo esse tempo desde pequeno até então, com humildade mas não bobo, vou seguindo e sempre focado no sagrado e não no ser humano. Hoje prefiro cuidar do que tenho que cuidar em minha residência.

Axé!

PS: Quem quiser saber sobre casas não confiáveis só perguntar que informo. Caso queiram informações e comprovações também.